Flashback: Ciclo menstrual, atrasos e sintomas

Quem planeia engravidar, convém conhecer os ciclos menstruais. Conhecer especialmente o próprio ciclo menstrual, mas conhecer no geral já é muito bom. Porque senão, não faz ideia de que engravidou e ainda vai parar ao hospital com uma crise de coluna/rins/intestinos e sai de lá com um bebé.
Claro que este último exemplo é bastante extremista, mas possível de acontecer a quem não conhece o corpo.
Ora vamos por partes. Primeiro, o ciclo menstrual. Podem pesquisar esta informação em variados sítios mais credíveis, mas aqui vai um resumo.
O primeiro dia de ciclo começa a contar a partir do primeiro dia de menstruação (fluxo forte). Depois, começa a amadurecer um, ou vários, folículos que vão libertar o óvulo. O endométrio (revestimento do útero) começa a espessar para acolher o embrião. Esta é a chamada fase folicular.
Aproximadamente 14 dias após o início da menstruação, o óvulo vai ser libertado, a chamada ovulação. Aqui é o período crítico para se engravidar, pois após a ovulação, o óvulo apenas tem uma esperança de vida de 24 a 48 horas. “Ena, é preciso pontaria então” pensam vocês. Sim, mas não tanta pontaria como vocês imaginam. É que por outro lado os espermatozóides são uns bichinhos resistentes, podem sobreviver até 6 dias.
Quando eles se encontram, dá-se a fecundação e posterior implantação, e aí começa a gravidez. Mas em muitos casos (aliás, na maior parte dos casos, pois nem sempre estamos a tentar engravidar) tal não acontece e as hormonas dizem ao organismo que afinal não vale a pena, não vai acolher nenhum bebé. Esta fase do vai-não-vai é a chamada fase lútea (entre a ovulação e a menstruação) e culmina na, vocês adivinharam, menstruação, onde perdemos o tal revestimento fofinho porque, sinceramente, ele não é preciso. A fase lútea supostamente também dura 14 dias. Ou seja, um ciclo normal terá a duração de 28 dias.
Na prática tal não acontece. Sim, existem pessoas muito certinhas, e com ciclos retirados de livros. Mas muitas de nós temos ciclos de outro comprimento. 26 dias, 30 dias, 35, enfim, e todos eles podem ser normais.
Existem dois motivos para o número de dias diferir: diferença no tamanho da fase folicular ou da fase lútea. Geralmente a fase lútea é mais certinha, e quase todas as mulheres têm 14 dias. Mas pode haver variações de alguns dias, há mulheres que podem ter 13 dias, 16 dias, mas geralmente fixam nesse número e não variam de ciclo para ciclo.
Agora a fase folicular, ui a fase folicular. É aqui que há mais variação, tanto intramulher como intermulher (eheh, acho que acabei de inventar isto… ). Ou seja, há mulheres com fases foliculares de 10 dias, outras com fases de 16 dias. E a própria mulher pode num ciclo ter uma fase mais curta e no ciclo seguinte uma fase mais comprida, o que depois dá origem a ciclos irregulares, pois cada um tem a sua duração.
E para que é que precisamos de saber estas coisas? Para saber se engravidámos, claro! É que o primeiro sintoma de gravidez, é a falta da menstruação. E só sabemos que ela falta, quando sabemos quando era suposto vir. E para isso temos de conhecer o nosso ciclo, e perceber que nem todas somos iguais. E nem imaginam a confusão que isto dá em algumas pessoas.
Dica importante: mesmo que toda a vida tenham sido certinhas, de um momento para o outro a menstruação pode desregular. Um dos motivos para isso acontecer é o stress. Agora adivinhem uma situação que causa muito stress? Sim, tentar engravidar stressa uma pessoa. Estão a ver o ciclo vicioso?
Ora, eu antes de tomar a pilula era muito certinha. Ciclos de 32 dias, mas certinha. Nessa altura dava tanto jeito ter esses ciclos longos que nem vos digo nada. Agora, a tentar engravidar? Nem por isso. A espera era longa, bem longa (e mesmo assim nada comparado com quem tinha ciclos de 40 dias). Depois de deixar a pilula já não foi tão certinho. 34,32, 45 e 34 de novo. Sim, passei-me com aquele ciclo dos 45 dias como é óbvio.
Ora, depois da ovulação, vamos estar 2 semanas naquela do: será que foi desta? Será que não? E se noutras alturas da vida essas são semanas que não damos importância nenhuma, quando estamos a tentar engravidar são duas semanas críticas para a nossa saúde mental.
Então o que se sucede. É assim, nesta altura existe um aumento de produção de progesterona no organismo. Se engravidarmos, esse aumento mantêm-se. Se não, ela baixa, e isso leva à descamação do útero, e lá vem a menstruação. Portanto, grávidas ou não, vamos andar com a progesterona alta ainda bastantes dias. E isso leva a algumas alterações no organismo: temperatura mais alta, pode dar náuseas, o muco vaginal pode vir mais pastoso, as mamas inchadas e doridas (e sim, eu digo mamas e vou sempre dizer mamas que é o termo correcto), inchaços, fadiga, entre outros.
Ao lerem esta listagem, o que é que vos salta à vista? “Mas isto parecem sintomas de gravidez!”. Pois parecem. Por isso é que isto dos sintomas não é nada fiável. O sintoma mais fiável é mesmo a falha na menstruação, e mesmo assim, pode ser só uma desregulação. “Mas, só pode ser gravidez, eu antes não sentia nada disto!”. Até podemos nunca ter sentido estas coisas e nesta altura começarmos a sentir (o nosso organismo também gosta de nos pregar partidas) ou então sentíamos, mas como não estávamos à procura de sintomas, não ligávamos.
Há médicos que aconselham a quem usa métodos contraceptivos hormonais (pílula, adesivo, anel vaginal…), que parem com esse método uns 2 ou 3 meses antes de começarem a tentar exactamente por causa disso, para irem conhecendo o corpo, saberem o tamanho real dos ciclos e quais os sintomas que tem antes da menstruação, para quando for a sério, já saberem com o que contar.
Eu não fiz isso. Resultado, andei a sentir tudo e mais alguma coisa e ficava sempre sem saber era uma coisa ou outra. Finalmente percebi que tinha de me fiar era pelas mamas: Elas inchavam 2 dias, depois desinchavam e lá vinha a menstruação. Quando engravidei, elas não desincharam. Quando notei que já andavam uma semana naquilo, fiquei desconfiada (mas sempre com um pé atrás, não fosse ser outra partida do meu corpo). Juntei a isso uns afrontamentos que tive (senti a cara a ficar muito vermelha e a escaldar, e em mim isso nunca tinha acontecido), e posso dizer, que esses foram os meus sintomas. Vá, e a falta da menstruação, mas pronto, já viram que eu não era propriamente regular, podia estar atrasada ou podia ter ovulado mais tarde (ainda por cima nesse ciclo não tinha controlado a ovulação, portanto não fazia a mínima ideia).
O que é que eu aprendi com isto tudo? Nunca nos devemos fiar nos sintomas. Sei que há mulheres que se sentem logo diferentes e conseguem dizer que engravidaram, mas a maior parte de nós fica mesmo na dúvida. O teste de gravidez é o nosso melhor amigo nestes casos. E não vale a pena fazê-lo logo com muita antecedência, que depois se dá negativo ficamos sempre a pensar “mas, será mesmo negativo, ou será que o fiz cedo demais?”. E é chato ficar a gastar dinheiro em vão, para a menstruação depois aparecer no dia que é suposto. Mais vale esperar pelo atraso…ou no meu caso, uma semana depois do atraso, não se vá dar ao caso de ser outra desregulação.
Quem já engravidou, que sintomas tiveram? Para as outras meninas, já identificaram alguns destes sintomas na vossa fase lútea?
See yah.

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