Flashback – Inscrição na Consulta de Saúde Materna

O centro de saúde que sou seguida tem algumas peculiaridades, toda a gente sabe, razão pela qual eu nunca me tinha inscrito até ter precisado. Desde ter muitos utentes (e portanto muitos não terem médico de família), a ter de se ir fazer fila às 6h para se ter uma consulta de urgência, não ter um edifício próprio (sim, funciona num prédio sem elevador) ou ao facto de não atenderem os telefones, muitos são os factores que me levaram a ter medo de ir lá. Mas, uma vez grávida não havia volta a dar, tinha de enfrentar o touro pelos cornos.
Já aqui falei das histórias do me ter ido inscrever no centro de saúde, ter usufruído das consultas de planeamento familiar e ter tentado marcar consulta de Saúde materna mas ter ficado com uma consulta normal para me passarem o beta e a ecografia para comprovar a gravidez. Hoje venho falar da 2ª tentativa de inscrição na Consulta Materna.
Portanto, recapitulando, eu chegar lá e dizer que estou grávida, não é motivo suficiente para eles “acreditarem” e me inscreverem na Consulta de Saúde Materna, precisam de provas, beta e ecografia. Se eu tivesse sido mais inteligente, tinha interpretado como beta OU eco, e assim que tinha o meu primeiro resultado tinha logo ido marcar consulta.
Mas não, fiz tudo como deve ser e portanto só duas semanas depois de descobri que estava grávida, é que fui marcar a consulta, mais ou menos por volta do dia 24 de Maio (sim, já não me lembro bem das datas). Chego ao centro de saúde, a senhora começa a ver vagas e tal, “temos aqui vaga para 4 de Julho”.
E eles a darem com o Julho! Digo à senhora que nessa altura já estou de 12 semanas e que a informação que tinha é que devia começar as consultas bem mais cedo que isso, pois nessa altura já tinha de fazer ecografias e outros exames. Só assim naquela.
Contrariada, lá começa a ver de novo a agenda, e consegue a muito custo uma vaga para 19 de Junho. Não era o ideal, mas já tinha melhorado. Dá-me logo o Boletim de saúde da grávida, e diz para eu passar pelo andar de cima (que é o andar das consultas maternas, planeamento familiar, saúde infantil, essas coisas assim), para marcar logo com a enfermeira. Sempre tinha ouvido dizer que nos dias da consulta, meia hora antes de termos consulta com o médico, tínhamos consulta com a enfermeira para pesagem, medir tensão e coisas assim, mas pronto, se ela queria que eu tivesse consulta quase um mês antes de ter finalmente a minha primeira consulta, tudo bem.
Toca a ir ao andar de cima, esperar a minha vez para ser atendida, calhou-me de novo a administrativa que me tinha inscrito no centro de saúde e que eu tinha gostado. Franziu a sobrancelha quando eu contei o que precisava e disse “isso normalmente não é assim, mas de qualquer modo, a enfermagem é no segundo andar, fale lá no guichet”.
“Okaaaaaaay, isto está complicado”, pensei eu. Mas lá me dirigi ao guichet…. Que estava fechado! “Boa….”. Toca a ir de novo ao 1º andar, felizmente não estava ninguém em espera, e digo que nada feito, não estava lá ninguém. Aí a administrativa pediu para eu lhe contar a história toda e quando acabei explicou que realmente ali seguiam o mesmo modo de trabalhar, consulta de enfermagem no mesmo dia da consulta do médico. Mas que 19 de Junho era muito tarde para começar, afinal de contas as primeiras semanas são de extrema importância.
Então começou a ver a agenda e em 3 tempos encontrou-me uma vaga para dia 1 de Junho, com outra médica. Assim, sem stress nenhum! (E pelo que ia resmungando, percebi que estava a dizer mal das colegas do andar debaixo que não sabem fazer as coisas). E o meu amor por aquela pessoa aumentou ainda mais.
No final, acabei por não ter consulta nesse dia, ligaram-me uns dias antes a dizer que a médica tinha uma reunião nesse dia, e mudaram para dia 8, mas pronto, ainda foi bastante a tempo. Adorei a médica e a enfermeira que me calharam, e fiquei tão satisfeita com o atendimento que desisti da ideia de arranjar obstetra particular.
Ah, só uma curiosidade, na consulta a médica disse toda contente “ah, que bom, conseguiu vir antes das 13 semanas, assim dá tempo para a encaminhar para o hospital para fazer o rastreio bioquímico!”. “Pois, mas se fosse por aquela administrativa não vinha a tempo não…”.
E é isto, que histórias contam vocês de burocracias que tiveram de lidar?
See yah.

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