O Sono do Bebé

Hoje vou finalmente falar sobre outra das minhas grandes lutas, pôr o rapaz a dormir. E, ao contrário da amamentação, esta é uma luta que continua.

Como já disse anteriormente, no hospital a única maneira de o pôr a dormir à noite era dar-lhe de mamar deitada: ele largava a mama e continuava ferrado a dormir de lado, ao meu lado na maca. Sim, tentei pô-lo no berço dele mas só chorava. A única altura que ele lá ficava era mesmo quando eu era observada e as enfermeiras ou as médicas o "depositavam" lá. Durante o dia, lá adormecia nos nossos braços.

Quando cheguei a casa tentei começar a pô-lo para dormir. Oh sim, moi-te. A nossa rotina para dormir era a seguinte: às 22h íamos para o quarto, mamava durante uma hora, chorava outra hora e depois lá adormecia (cansaço, na maior parte das vezes). Tinha indicação para lhe dar de mamar no máximo 3 horas depois do inicio da mamada. Ora se seguisse isso à risca, só iriamos dormir uma hora. Para o bem da nossa sanidade mental, punha o despertador para 3h depois de ele ter adormecido (nem sempre chegava ao despertador, muitas vezes acordava antes). Custava tanto...ele demorava imenso a adormecer, e depois tínhamos de o acordar. E manter acordado, pois ele não mamava nada de jeito. Era cócegas nos pés, era abrir o babygrow (não muito para não constipar pois estava muito frio). A melhor técnica foi mesmo trocar a fralda antes de dar de mamar, assim despertava bem (entenda-se, berrava muito). E depois para o voltar a pôr a dormir? Outra hora naquilo. Durante o dia continuava a dormir nos nossos braços.
 
Ah, antes dele nascer, tinha aquela ideia que ele ia dormir na alcofa dentro da cama de grades. Claro que ele não ia dormir na nossa cama, além de ser pouco higiénico, havia (e há) todo aquele medo da morte súbita, do sobreaquecimento, de o "esborracharmos" ou as mantas o sufocarem. Bem, esses medos tiveram de ficar para trás, pois a verdade é que foi a única maneira de ele dormir, ali agarrado a mim. Tantas e tantas noites que só se calou a mamar e a adormeceu assim, a cheirar a mama... (e eu com as costas destapadas...tantas e tantas noites que dormi de casaco para poder fazer aquelas acrobacias de me colocar numa posição em que ele pudesse mamar mas que não ficasse debaixo das nossas mamas...e já agora, que o nariz dele não ficasse tapado pela minha mama...)
 
Aos poucos começou a haver melhorias (ou nós começámos a perceber melhor o nosso bebé). O pai conseguia-o adormecer com colinho e balanço (eu nunca, mas explicaram-me que como eles cheiram o nosso leite, é mais difícil para nós fazermos o mesmo). Durante o dia, conseguíamos pô-lo na alcofa para dormir a sesta. E eu raramente precisei de "dormir enquanto ele dormia" de dia, pois aqueles trechos de 3 horas davam para descansar. E começou também a procura da melhor maneira de o adormecer. Eu a cantar, uso de white noises, música "pesada" (incrivelmente, ele acalmava com Guano Apes e System of a Down), dizer shhhh".... o que uma vez resultava, na vez seguinte já não.
 
Umas duas semanas depois, ele começou a aceitar a chucha, quando estava para lá virado. Quando não estava, oferecer a chucha ainda o ofendia e chorava mais. Enfim. O "adormecer" passou a ser ele colocado entre nós, um a segurar a chucha, o outro a dar o dedo para ele segurar com a mãozinha dele. Resultava? Nem sempre. Ás vezes adormecia, uns minutos e depois lá vinha o berreiro. Outras vezes demorava mais tempo, já eu estava a passar pelas brasas e era arrancada do sono assim à bruta.
Ah sim, porque este menino nunca chorou assim de mansinho, parecia sempre que o estavam a matar.
 
Chega a altura que temos de suplementar com leite artificial. Não notamos grande diferença na parte do ir para a cama, mas que grande diferença fez na mamada do meio da noite. Continuava a mamar quase uma hora é certo, mas depois de beber o biberon, adormecia quase instantaneamente!!! E foi aqui que percebemos que havia um choro dele que era de fome (era quando chorava tipo"láláláaa"). Sim, mas continuou a chorar para dormir...ainda hoje com seis meses chora. Mas é um choro completamente diferente.
 
Quando finalmente começou a ganhar peso, tive ordem de deixar de o acordar a meio da noite. Acordava quando acordasse. Aí vimos que normalmente dormia 4/5 horas seguidas. Às vezes 6h.
 
Mais ou menos na mesma altura, visitámos os avós. Ele lá já dormia a sesta na alcofa e houve um dia que tentámos e pusemos a passar a noite na alcofa também. Resultou. Já não precisava de dormir entre nós. Quando regressámos a casa, experimentámos na alcofa dentro da cama de grades, e para nossa satisfação, dormia lá bem! Devia ter mês e meio. Volta e meia ainda vinha para a cama (lembro-me por exemplo no dia que levou as vacinas dos 2 meses ficou muito queixoso e dormiu comigo), mas na maior parte das vezes era só para fazer o último sono (ali das 7h às 9h ou 10h).
 
Como isto veio uma nova "preocupação": eu não tinha jeito nenhum para o colocar na alcofa. Se ele calhava a adormecer no colo (o que era raro), o simples facto de o baixar acordava-o. O pai conseguia, eu não. Aqui começou a adormecer directamente na cama. Ele chorar chorava sempre, então em vez de estar a chorar no meu colo até o colocar na alcofa (que depois acordava), punha-o directamente na cama, ele distraia-se com o mobile, quando vinha o sono começava a chorar, eu dava-lhe a mão, cantava, fazia "shhhh", festinhas, dava chucha, enfim, 30 por uma linha, até ele adormecer. O pai não o aguentava ver assim a chorar, mas sinceramente, eu não o conseguia pôr a dormir de outra maneira. Mamava, ia para a alcofa, bebia lá o biberon e começava a cantoria. E com  alcofa agora sempre no quarto, fazia as folgas no sofá. Ou mesmo ali ao meu lado, com a almofada de amamentação a fazer de barreira, ou ali com canto da chaise longue.
 
Chegaram os 3 meses e uma grande mudança. Ele começou a saber mamar. Isso significava que já não ficava 1h nas mamas, 10 a 15 minutos chegavam. Uma mama chegava. Se tentava insistir no suplemento, bolsava tudo. E com isto veio o ele adormecer na mama, ao meu colo! Se continuou a chorar? Sim, chora sempre. Nem que seja o "alerta" que está com sono. Mas nada a ver com o antes. No entanto também começou a acordar mais vezes para comer. Fazia agora sonos de 3 horas, não mais do que isso. 
 
E aqui começou o problema do "e agora, ele dorme aqui nos braços, como é que o carrego para a cama?". Pois, tive de começar a fazer por fases. Primeiro, eu deitada na cama, encostada à almofada a dar de mamar até ele adormecer. Depois, começo a sair da cama. Aquele movimento do retirar as pernas e elas ficarem penduradas à beira da cama muitas vezes acorda o rapaz. Nada que mais um bocadinho de mama não resolva. Depois o levantar-me às vezes também acorda. Adivinharam, mais um bocadinho de mama. E por último, colocar na cama dele. Baixar devagarinho, dar palmadinhas no rabo, quando fica no colchão, festinhas no cabelo, geralmente resulta. Outras vezes começa o berreiro, e lá tenho de me sentar à beira da cama para mais uns 5 a 10 min de mama. Aqui o grande problema é quando ele está ao contrário, ou seja, os pés dele estão virados para o lado da cabeceira da cama. Como a cama está encostada à parede não posso ir dar a volta. E não o consigo virar nos meus braços sem o acordar. Então tem de ser uma grande ginástica em que me torço toda para ele ficar numa posição minimamente aceitável. Isso, e evitar que ele batesse com a cabeça nos bonecos do mobile.
 
Nesta altura ele começou também a ficar grandinho para a alcofa e começou a dormir directamente na cama de grades. Foi uma mudança sem stress que não implicou mudança nenhuma de estratégia. Valha-nos isso.
 
Ora, parece que está tudo bem, não é, já o consigo adormecer, relativamente rápido, ele já não chora tanto, mama melhor. Nada que me queixar não é? Mas o ser humano tem sempre algo que se queixar, e neste caso, era o adormecer na mama. Não nego, é chaaaaaaaaaaaato como tudo. Principalmente quando ele já dorme, mas ainda está com a boca cerrada em volta do mamilo. Ou seja, ele dorme, mas eu não, eu não o consigo tirar do colo, não consigo tirar o mamilo da boca sem ele acordar. E assim se vão passando 15, 20 minutos, meia hora, 45 minutos...e sempre a contar em termos de tempo de sono para ele. Ele dormia 3 horas seguidas... mas eu dormia duas. E já estava a começar a bater mal. E aqui ele rejeitou de vez a chucha (afinal de contas tinha uma chucha bem melhor, o meu mamilo) e não se deixava adormecer na cama. Se antes chorava, mas depois lá acalmava e dormia (nem que fosse por exaustão) agora, a última vez que tentámos fazer isso foi ele a berrar, já eu chorava e já a minha mãe chorava com pena de mim. Desisti e voltou para a mama.
 
Aqui é que comecei a ver que um cadeirão de amamentação não era de todo má ideia. Dar de mamar sentada à beira da cama não é de todo agradável para as costas. E à medida que ele ia ficando pesado, precisava de estratégias para lhe levantar a cabeça (para ele chegar à mama). Dei (e ainda dou) mama muita vez de perna cruzada para lhe elevar a cabeça...ou então eu toda torta para a frente... não recomendo a ninguém. 
 
A vida parecia correr bem... mas vieram os calores. E o meu pimpolho, que sempre foi um friorento, pés gelados, que ainda dormia de babygrow de veludo quando os outros miúdos já andavam de algodão ou só de body (ou só de fralda!) de repente começou a suar muito e a ficar incomodado com o calor. E a acordar mais vezes. Sede? Pensei eu. Toca a dar mais mama, a pô-lo mais fresco a dormir. Já não aguentava dormir com um lençol por cima, começava a dar aos pés até se destapar. Mas depois o calor foi de pouca dura, voltaram as noites mais frias (em que eu dormia com edredom) e ele continuou a não dormir mais que duas horas seguidas. 1 hora e meia na maior parte das vezes. Que raio?
 
Toca a tentar desvendar. Será fome? Umas vezes dei suplemento e ele dormiu mais, mas outras vezes dei e ele dormiu a mesma conta. Será demasiada luz? Ainda usava a luz de presença com uma luz mais forte, passei a usar luz vermelha, usar apagada e frestas da janela aberta, mas também não notei grandes melhorias. Para piorar, esta fase coincidiu com o meu regresso ao trabalho, então deixei de conseguir dormir até mais tarde para compensar. Disseram que podia ser ansiedade da separação, ele estar a compensar à noite aquilo que não tem durante o dia, mas agora já estou de férias e continua na mesma. às vezes pior. Na semana passada teve uma fase que o metia na cama dele (supostamente ferrado) e acordava 5 a 20 minutos depois, com gritos aflitivos. Várias vezes seguidas. Ainda não sei o que se passou, mas acabei por o pôr na nossa cama e adormecer na mama. Já não acordou 5 minutos depois (mas também não dormiu mais que 1 hora seguida). Agora já melhorou, demora uns 10 minutos a mamar e adormecer, fica logo na cama, mas acorda uma hora depois. Enfim, desde que durma, já estou por tudo.
 
"E as sestas?" perguntam vocês. Pois bem, como disse, comecei a trabalhar (tinha ele cinco meses) e esse mês ficou com o pai em casa. E se comigo só adormecia na mama, com o pai adormecia ao ombro, a ser levemente embalado e a ver BabyTv. Eu já desconfiava que ia correr tudo bem, uma vez que não era a primeira vez que ele adormecia ao colo do pai (mas geralmente era sem querer, estava ao colo, o pai começava a sentir a cabeça descair, ia ver, estava ferrado... e com a avó o mesmo), mas pronto, tínhamos dúvidas até que ponto ia funcionar a fazer de propósito. Mas mais ou menos tempo até dormir, a verdade é que nunca ficou sem dormir uma sesta. E já tem mais ou menos uma rotina estabelecida. E quando não dorme, geralmente uma voltinha resolve. E se não resolver, é cansá-lo.
 
E pronto, este é o ponto de situação. Ainda esta noite fez de novo aquilo do acordar 5 minutos depois de ir para a cama. Neste caso é por causa da nova mania dele, dormir de lado, ou pelo menos assim que o ponho na cama, vira-se logo para o lado da parede. Mas depois vai descaindo até ficar de barriga para cima e às vezes nessa ultima "descaidela" acorda. E de manhãzinha, alvorada!!!!! E cá estou eu com ele ao colo (porque se aborreceu a estar no tapete) a tentar acabar um texto que comecei há mais de um mês atrás. Vidas...
 
See yah
 
(Erros de português ou frases mal construídas são capazes de aparecer - piolho a resmungar, mil interrupções e eu cheia de sono - mas se houver aí algo que não faça sentido nenhum, avisem)

Comentários

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