Medos durante a gravidez

Agora na recta final, posso fazer uma apanhado dos medos que nós temos durante a gravidez...
 
Inicialmente, é o medo do "será que consigo engravidar?".
 
Quando finalmente vemos o positivo, "Só espero que não seja uma gravidez química...". Ou então se não foi planeado, todo o medo associado à vinda de um bebé. E sim, mesmo que planeado, há sempre esse medo presente.
 
Vão-se passando os dias e o medo agora é de saber se o embrião está bem implantado e no sítio certo, ou seja, os medos são de ser uma gravidez ectópica ou uma gravidez não-embrionária.
 
Fora todos os medos que nos acompanham sempre desde o início, "será que tomei a decisão correcta?", "será que estou a ter cuidado suficiente com a alimentação e com o meu corpo?", "será que não me estou a esforçar demasiado?".
 
Mesmo que tudo esteja bem, vem aí o medo de um aborto espontâneo.
 
E se temos o azar de ter algum sangramento, vamos ficar sempre demasiado stressadas para saber se está tudo bem, e tornar-nos peritas em temas como descolamento da placenta, colo do útero friável e progesterona... e esse medo acompanha-nos por toda a gravidez.
 
E as dores? É normal termos dores tipo menstruais no início, afinal de contas o útero está a esticar. Mas como associamos logo à menstruação, começamos de novo a temer um aborto espontâneo.
 
As semanas antes da ecografia do 1º trimestre são passadas a temer um aborto retido... afinal de contas, não temos maneira de saber se está tudo bem ou não e aquela eco vai dar o veredicto.
 
E este medo é aumentado quando de repente os sintomas de gravidez passam (cessam as náuseas, vómitos, tensão mamária, por aí).
 
Para quem faz o rastreio bioquímico, vem o medo do rastreio acusar alguma probabilidade de trissomia.
 
Passou a ecografia, ficamos com dois meses de espera até à próxima. Enquanto não se sente o bebé, continuam os medos de aborto retido. É menos frequente, mas pode acontecer. E se pode acontecer é certo e sabido que o nosso cérebro de mãe se vai focar nisso.
 
Se por acaso a ecografia deu alguns valores suspeitos, agora é o medo e fazer a biópsia às vilosidades coriónicas ou a amniocentese (e dos seus resultados).
 
Depois começam as comparações com outras grávidas "será normal a barriga ainda não ter começado a crescer?", "a minha barriga não estará demasiado grande para as semanas de gravidez?", "porque é que eu ainda não consigo sentir nada?".
 
Começam os primeiros movimentos da criança, primeiro mais leves e depois os famosos pontapés. Começam as dúvidas "será que isto que senti é mesmo o bebé?".
 
Quando já conseguimos sentir bem o bebé e sentimos frequentemente, o medo é quando naquele dia não o sentimos. Sabemos que a probabilidade é que esteja tudo bem e ele apenas mudou foi de posição mas fica sempre aquele "e se...?" na cabeça.
 
E com a barriga a crescer, vem o medo das malfadadas estrias.
 
Aproxima-se a ecografia no 2º trimestre, a morfológica, a mais importante de todas. É nesta altura que começamos a pensar se o bebé será saudável ou se terá alguma má formação. Ainda por cima já vamos a meio (ou mais de meio) da gravidez, e temos o grande medo de termos de interromper a gravidez.
 
Passou esta fase e estamos quase a chegar às 24 semanas. Aqui é um marco, pois a partir dessa altura o feto é considerado viável, ou seja, se nascer, os médicos vão fazer tudo por tudo para que ele sobreviva. Mas porque é que ele havia de nascer agora? Pois, chega a altura do medo do colo do útero estar curto ou de termos insuficiência istmo-cervical.
 
E se já estamos com contracções de treino, as contrações de Braxton-Hicks, começamos a ter medo de parto prematuro. Principalmente se essas contracções são acompanhadas de dor. Ou de as contracções causarem o rebentamento prematuro da bolsa.
 
Quem trabalha também vai começar a ter medo do trabalho estar a prejudicar a gravidez. Pode ser dos esforços, da quantidade de horas que trabalha, dos horários, da indisponibilidade para descansar...
 
...mas depois também vai ter medo de pôr baixa antes de tempo... e começa a pesar os prós e contras de saúde vs dinheiro.
 
Com a aproximação da ecografia do 3º trimestre vem o medo de o líquido já escassear, mais uma vez, do estado do colo do útero, do bebé anda estar sentado e do peso dele, seja por ser a mais ou a menos.
 
Se estiver com peso a mais, começa o medo do parto ser mais complicado, de se ter de recorrer a cesariana ou de ser ter de induzir mais cedo.
 
Se estiver com peso a menos, o medo é que haja restrição de crescimento e, mais uma vez, o medo de se ter de induzir o parto mais cedo ou fazer uma cesariana.
 
Ah, e pensam que o medo de o bebé morrer já passou? Não. Agora é a altura de vivermos aterradas com as histórias de perdas tardias.
 
Ou de termos um bebé prematuro...
 
As últimas semanas é mais do mesmo, mas começamos a nos focar mais nos medos do parto. E isto é um assunto que dá pano para mangas (medo da dor, de violência obstétrica, de não estarmos com a pessoa que querermos na altura, se o nosso médico não poder estar presente, do parto não decorrer exactamente, ou mesmo de todo, como nós gostaríamos...).
 
Ah, e andamos a contar os movimentos do bebé, para tentarmos perceber se está tudo bem. Ai daquele dia em que ele foge à rotina... é medo na certa.
 
Aqui também começam os medos de sofrermos de pré-eclampsia, principalmente porque agora é normal incharmos mais, e não sabemos até que ponto isso é normal.
 
37 semanas, a partir daqui é considerado um bebé de termo. Começa a ansiedade, pois sentimo-nos uma bomba relógio. Qualquer dor, qualquer alteração faz-nos pensar "ai mãe que é agora".
 
Quem ainda não tem colostro começar a ter medo de não vir a ter leite (embora sabendo que uma coisa não tem nada a ver com outra).
 
E depois vemos os dias a passar, e nada acontece, e começamos com o medo do parto não se desencadear, e termos de passar por uma indução ou uma cesariana.
 
É neste ponto que me encontro, 38 semanas e 5 dias, e até agora nada de nada. Sim, tenho contrações de treino desde há muito mas o último CTG que fiz nem isso acusava. Vamos a ver como vai estar amanhã. Será que ainda tenho espaço de manobra para ter mais medos? E sim, eu não estou a contar com todos os medos associados a termos um recém nascido ao nosso cuidado, é que nem vou entrar por aí.
 
De que medos me esqueci?
 
See yah.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Amamentação Parte I - No hospital

A Creche

Flashback – Inscrição na Consulta de Saúde Materna