Introdução da Alimentação Complementar

Pois é, parece que ainda no outro dia nasceu, e já anda a comer como gente grande (vá, quase). Pois, a alimentação complementar (AC) é outro dos grandes temas relacionados com os bebés e que dá panos para mangas e onde diversas decisões têm de ser tomadas. E é aqui que se compararmos o que diversos pediatras "mandam" fazer, que vemos como é um tema onde não há grande consenso e cada um faz á sua maneira. Mas já lá chegamos.

Ora, primeira grande decisão: "Quando começar".
Pois é. Em todo o lado onde se vê esta pergunta existe logo a indicação, ou alguém comenta que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é aleitamento exclusivo até aos 6 meses e depois começar os sólidos. Já aqui existem opiniões divergentes. Há quem defenda que se for leite artificial que mais vale começar a AC mais cedo e quem siga a recomendação à risca e defenda que eles não dizem se é leite materno ou artificial, deve ser leite durante os primeiros 6 meses e acabou.

Quando soube que afinal até tinha leite e que conseguia amamentar, ponderei a hipótese de fazer os 6 meses de aleitamento exclusivo. Eu iria ficar em casa 5 meses, depois durante um mês trabalhava enquanto o pai ficava em casa e depois voltava para casa um mês de férias. Ora, se conseguisse tirar leite para deixar, eramos capazes de conseguir ficar mais aquele mês e quando eu viesse de novo para casa logo iniciava a alimentação. Mas rapidamente vimos que não iria ser possível, pois ele começou a mamar com muita frequência e eu nunca conseguia tirar leite.

A solução seria voltar ao leite de lata para os momentos que eu não estivesse em casa. No entanto na consulta dos 4 meses a pediatra foi da opinião que se eu não conseguia tirar leite, mais valia começar com as sopas aos 5 meses. Após muito ponderar (e a sério, foi mesmo muito tempo a pesar os prós e contras e a pedir opiniões) decidi que ia experimentar a sopa uma semana antes de ir trabalhar e logo via. Se visse que ele estava preparado, continuava. Se não, punha em pausa e iria beber leite de lata.

Quanto mais se aproximava da data que eu tinha estipulado para começar, mais eu notava os sinais de estar preparado: segurava-se bem sentado, tinha interesse naquilo que comíamos (sim, tive de o colocar na cadeira às refeições umas boas semanas antes pois ele chorava por estar lá em baixo na espreguiçadeira, e assim podia ver o que eu estava a fazer), já tentava roubar comida...


Segunda grande decisão: "Método tradicional ou Baby Led Weaning (BLW)".
Para muitas pessoas esta não é uma decisão de todo, pois só conhecem o método tradicional (que é o de dar sopinhas, papinha e fruta esmagada). Eu andei a pesquisar o BLW para ver se era método para mim. Gostei da parte de dar os alimentos "normais" para o bebé explorar, e ir comendo logo como gente adulta, mas percebi que era um método em que precisava de muito tempo e paciência, e muito leite logo ao inicio, pois eles brincam com a comida e não comem refeições completas logo. Indo eu para o trabalho e depois indo o miúdo para a creche, percebi logo que seria muito difícil conseguir e desisti. Decidi alimentar via sopas e papas MAS introduzir à mesma finger foods (que é como quem diz, alimentos cortados do tamanho dos nossos dedos) para o miúdo ir tomando contacto com diversas texturas também e começar a aprender a levar à boca e a mastigar. E assim podia imitar aquilo que estávamos a fazer.


Terceira grande decisão: "Começar pela sopa ou pelas papas?"
Aqui bem vistas as coisas, a decisão acaba por ser do pediatra. Cada um gosta de seguir "o seu" plano alimentar, e normalmente os pais vão atrás. A não ser que seja algo assim do arco da velha, e aí pedimos 2a opinião (ou simplesmente ignoramos as indicações e fazemos como já vimos fazer, ou como lemos num blog ou seguindo o coração).
Regra geral, pela amostra que tenho visto, eles preferem que o bebé comece pela sopa. É mais saudável, o bebé não se habitua a sabores doces tão cedo, é um excelente veiculo para introduzir muitos vegetais rapidamente. No entanto vi casos em que preferia as papas. Ou é porque o bebé ainda era muito novo e precisava de ganhar peso, ou porque andava a rejeitar o leite ou, noutra situação, o pediatra era da opinião que aquela primeira papa, aquilo sabia muito a leite e era um bom instrumento de transição, pois o sabor era o mesmo que o bebé estava habituado, a textura é que era diferente. Assim fazia uma mudança de cada vez.
A papa é importante para fazer a introdução do glúten, se bem que não é a única forma. Pode-se, por exemplo, colocar massa na sopa, faz o mesmo efeito. Aliás, fiquei chocada quando uma amiga que mora em França me contou que andou à procura de papas e simplesmente não encontrou! Havia umas misturas de cereais e leite para pôr no biberon, mas as papas que estamos habituados e que associamos aos bebés, não é nada comum ali. Há pediatras que indicam para os bebés nem chegarem a comer papa, ou comer muito de vez em quando, principalmente se forem gordinhos. Este continua no percentil 15, por isso, indicação para comer papa todos os dias! (vá, pode ser substituído por iogurte de vez em quando). Mas sem açúcar. E isto traz-me ao próximo ponto.

Quarta decisão: "Que papas dar?"
Primeiro de tudo, dar láctea (já tem leite adicionado, é para preparar com água) ou não láctea (preparamos com leite)? A pediatra nisto é muito prática: só comprar não láctea se for para fazer com o meu leite. De resto não vale a pena o trabalho de estar a comprar uma lata de leite em pó, preparar o leite para depois preparar a papa com aquele leite. Atenção, faria sentido se o miúdo tivesse alguma intolerância, mas ele não tem, não vamos complicar.
Depois, a indicação é ser sem açúcar. Ouve-se falar muito das papas da Holle, que são das mais naturais, têm muito pouco açúcar. No entanto, há bebés que não lhe pegam. E aqui a preguicite aguda falou mais alto, não tenho Holle à venda aqui perto, então pus esta hipótese de parte.
Ainda por cima surgiu recentemente a gama da Nutribén sem açúcar adicionado e pareceu-me uma boa ideia. Sim, eu sei, tudo o que é lácteo tem açúcares, e depois há a maltodextrina e ainda não ouvi consenso se é um mal necessário do processamento do leite adaptado ou se podia ter sido evitado. Mas pronto, foi a decisão aqui. E o rapaz devora... ups...
Outra coisa que também quis experimentar são as papas caseiras. Melhor maneira de comer papa sem açucar não há. Cozer o grãos ou flocos com fruta, juntar ou não leite, e já está. Tem o contra se não serem tão ricas nutricionalmente como as de pacote (e de darem mais trabalho). Também decidi que não é para mim estar sempre a fazer, mas quero fazer de vez em quando.

Quinta decisão: "Por que legumes começar?"
Aqui mais uma vez, é seguir o conselho dos médicos. Foi-me indicado que devia começar por dar só a base das sopas (batata + cebola + cenoura/abóbora) e só depois ir juntando outro legume, um de cada vez, intervalos de 4/5 dias. Podia pôr tudo excepto espinafres, nabo, nabiça, beterraba e aipo. Outras amigas tiveram indicações um pouco diferentes, mas tudo à volta disto.
 
Ora para mim, que era uma naba nisto das sopas, acabei por achar que tinha pouca informação para começar. Tipo, e quantidades? Está bem que eu sou daquelas pessoas que nunca segue uma receita à risca... mas preciso de saber a receita para a poder profanar!!
 
Felizmente mostraram-me um blog/página "Na cadeira da Papa" onde encontrei dois esquemas muito úteis: este com as quantidades de cada legume e este que mostra uma maneira prática de "inventar" sopas, agrupando os legumes em grupos e depois é só usar um de cada grupo.
 
Por aqui já introduzimos batata, cebola, cenoura, abóbora, alface, batata-doce, courgette, alho-francês, brócolos, alho, feijão-verde, couve-flor e chuchu. Inicialmente tinha pensado fazer metade com a base de cenoura, metade base de abóbora. Mas as primeiras sopas prenderam o intestino, e uma das coisas que aconselham é deixar a cenoura, portanto a maior parte foram de abóbora. Excepto as duas últimas que fiz maioritariamente de abóbora, mas juntei um pouquinho de cenoura. Também tinha ideia de usar mais a batata normal (para não tornar as sopas tão doces) mas a verdade é que ele não pegava bem nas primeiras e com batata doce comeu melhor, por isso, olha, cá vai disto. Além disso já passámos por algumas frutas (banana, maçã, pêra, manga, laranja, pêssego, e um pouco de laranja e chupou um pouco de melancia, melão e meloa) e começámos agora a carne (frango).
 
________
 
Como vêm, não é assim tão linear. Ou então é, se nós não complicarmos. Isto de termos acesso a muita informação às vezes ainda nos confunde mais. Devemos portanto tomar a decisão de ou seguir cegamente o que o médico nos diz, ou fazermos a nossa pesquisa, falarmos com outras pessoas, vermos outros esquemas alimentares e fazer o que o nosso coração manda. Fora algumas excepções relacionadas com alguns alimentos específicos, não há "a maneira certa de se fazer", apenas planos alimentares diferentes. Se conhecermos e percebermos os prós e contras conseguimos fazer decisões informadas, e claro, isso é o que se pretende.
 
See ya...

Comentários

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