Amamentação Parte II - Em Casa

Juntem umas quantas mães, perguntem como correu a amamentação, e a probabilidade é que quase todas tenham tido problemas. Umas com problemas mais leves e mais fáceis de resolver, outras com problemas mais complicados ou que se arrastaram durante mais tempo. É a vida.
 
Desengane-se quem pensa que amamentar é fácil e "intuitivo". Nem sempre é. É um processo de aprendizagem tanto para a mãe como para o bebé. Sim, porque há mães que correu tudo bem no primeiro filho e têm problemas no segundo. Cada gravidez é uma gravidez e cada bebé é um bebé. Quanto mais cedo metermos isso na cabeça, mais depressa descomplicamos e ficamos felizes. Pelo menos é o que dizem. Vamos acreditar.
 
Ora, já aqui contei como foram os primeiros dias como a amamentação. Vou agora descrever os restantes 3 meses e meio. E muito sinceramente, espero não ter de escrever mais nenhum post sobre dificuldades de amamentação daqui para a frente.
 
Pois bem, resumo para relembrar, rapaz sempre cheio de fome, colostro parece que não o sustentava. Ah, outra coisa que me esqueci de contar e que também atrapalhou: o rapaz tem "queixinho de Rebeca" (não fazia ideia que se lhe chamavam isso por acaso) e o lábio inferior ficava sempre enfiado para dentro. Provavelmente já se andaram a informar sobre a amamentação e a pega correcta (se ainda não o fizeram, do que é que estão á espera? Muito mais importante do que qualquer coisa que leiam aqui) e sabem que os dos requisitos é o lábio ficar virado para fora, fazer "boca à peixinho". Com o lábio virado para dentro, a tendência é chupar só o mamilo, e isso faz com que se alimentem mal (sai menos leite) e o desgraçado do mamilo fique com gretas. E doi. Havia uma altura que eu nem precisava de olhar para ver como estava o lábio, já sabia que aquela dor especifica era de lábio mal colocado. E cada vez que ele estava assim, lá tinha eu de ir puxar o queixo para pôr o lábio na posição correcta.
 
Entretanto em casa, continuou a jornada. Próxima paragem, subida/descida do leite (avisem-me quando se decidirem qual a expressão a utilizar). Toda a gente diz que são umas dores fortes. Acreditam que não me lembro? Pode ter alguma coisa a ver com o facto de os mamilos estarem cheios de gretas e me doerem bastante, e aquelas foram só mais umas dores a acrescentar.
 
Começou com a mama direita. Sim, aquela do mamilo esquisito foi a mais precoce. Ao 4º dia já via leite no mamilo de silicone (em vez do colostro) e quando apertava o meu mamilo saiam gotas de leite. No dia seguinte foi a vez da mama esquerda fazer isso. E a direita ficar "rota". Rota no sentido que quando estava a dar de mamar com a esquerda, a direita ia largando leite. E no dia seguinte foi a vez da esquerda ir pelo mesmo caminho.
 
Resultado, precisei de comprar os apetrechos de amamentação que não tinha comprado: Discos absorventes para não encher as roupas de leite, conchas protectoras para o soutien não tocar nos mamilos feridos e haver a hipótese deles sararem, mais soutiens e tops de amamentação. E uma bomba (manual). Era oficialmente uma "vaca leiteira". Uma coisa que nunca me vou habituar: despir-me para entrar no banho e estar a escorrer leite barriga abaixo. Ou ter as conchas protectoras (aquelas arejadas), esquecer-me e debruçar-me, e lá vai o leite todo encharcar a roupa.
 
Claro que não foi tudo rosas. Ao 10º dia, passo a noite com febre alta e uma mama dura. Durante o dia tento combater a febre com Ben-u-Ron e Brufen e aliviar a mama com duches quentes e gelo. Infelizmente também tinha um ponto que estava inflamado, e estava na dúvida se a febre seria da mama ou de alguma infecção lá em baixo. Toca de ligar à saúde 24, de lá enviam-me para o centro de saúde onde sou observada. Início de mastite. Ordens para ir esvaziando as mamas (mamadas e/ou bomba), continuar com o ben-u-ron, e se ao fim de 6h de tomar já tivesse febre, para tomar antibiótico. Felizmente não foi preciso, com a ajuda da bomba e gelo acabou por passar. Mas se não tivesse passado, tinha feito o antibiótico sem problema nenhum já agora. É preferível tratar logo do que deixar avançar.
 
E assim se foram passando os dias. Ele continuava a mamar mal, adormecia, nunca esvaziava as mamas. Comecei por oferecer uma, quando ele largava oferecia a outra, se largava e chorava, voltava para a primeira. Depois, por sugestão do enfermeiro tentámos de outra maneira, mama, largava, voltava a oferecer a mesma, largava, ia para a outra... Com isto tudo, nunca soube dizer se ele esvaziava as mamas. Nunca as senti "vazias", elas andavam sempre "inchadas". E largavam pingas de leite se as apertasse. Seria leite armazenado? Leite que estava a se produzido na altura? Ainda hoje não faço ideia. Primeira pesagem no centro de saúde, já tinha recuperado o peso de nascença, portanto parecia que íamos num bom caminho. Entretanto começou a bolsar ocasionalmente, mas nada de especial.
 
Até que teve a consulta com quase um mês: perdeu peso em relação à ultima pesagem. E para piorar, acordou na consulta e fartou-se de chorar a tentar comer as mãos, o que com um mês de idade é sinal de fome.
 
Vocês sabem o quanto custa ouvirmos a médica dizer que o nosso filho está (e tem estado) a passar fome? Quando a nós nunca tal nos tinha passado pela cabeça? Na minha cabeça estava tudo a correr maravilhosamente. Como é que ele podia ter fome, se eu tinha tanto leite que me escorria mama fora? Como é que eu não me tinha apercebido que aquele choro era de fome, e não birra de sono, como eu pensava que era? E que as dificuldades todas para adormecer se deviam à fome? (Sim, porque o rapaz adormecia na mama, mas depois não o conseguia pôr nem no berço, nem alcofa nem na nossa cama sem ele acordar, e quando acordava, levava quase uma hora a adormece-lo. E sim, logo faço um post sobre o sono). E que quando as avós diziam que o miúdo devia ter fome pois estava a chorar, e eu dizia que não, que há mil razões para eles chorarem, afinal, era possível que elas estivessem certas?
 
Escusado será dizer, a consulta foi a meio da manhã, e eu chorei praticamente o tempo todo até o meu marido ter chegado a casa ao fim da tarde. Ele é que foi comprar uma lata de leite em pó, que eu não tinha forças sequer para sair de casa. Chorei cada vez que lhe dava de mamar nesse dia, sempre a pensar que aquilo não era suficiente. Chorei quando descongelei um pouco de leite que tinha tirado uma vez, e ele bebeu num instante, mas depois bolsou-o todo. Antes disso chorei quando ele não me pegava no biberon (felizmente nessa parte foi rápido a pegar, ele berrava, aproveitei ele estar de boca aberta para lhe enfiar a tetina na boca, apertei para ele perceber que saia leite lá de dentro e num segundo ele calou-se e começou a beber como se não houvesse amanhã... o que também me fez chorar). Ah, e chorei imenso quando contei ao marido sobre o meu dia. E agora, quase 3 meses depois, ainda me veio uma lagriminha a pensar nisso.
 
E pronto, começámos a suplementar. Mama primeiro, suplemento depois. A médica fez as contas conforme o peso dele e disse para eu oferecer 40ml. Quem já deu leite em pó já se apercebeu da dificuldade. 40 ml?? Difícil de preparar. Para quem não conhece, as latas trazem uma colher de medida e temos de colocar uma colher de pó por cada 30ml de água. Por isso, as quantidades a preparar seriam 30ml, 60ml, 90ml, por aí em diante. As opções seriam ou preparar 60ml e deitar fora 20ml (mais os outros que ele poderia não beber), ou oferecer só 30ml. E foi isso que comecei a fazer.
 
Alguém sugeriu que tirasse com a bomba para suplementar, mas não consegui. Nunca tive horário para fazer isso. Quanto muito recolhia com as conchas e dava no final.
 
Acabei por ver que dar leite em pó que tinha as suas vantagens. Podia deixar o bebé com alguém que podiam dar o biberon. Podia ir a um restaurante sem ter de andar a pôr a mama de fora. Já que (na minha cabeça) tinha falhado na amamentação, ao menos tirava proveito.
 
E assim se passaram os dias. Amamentar umas vezes "ao natural", outras com mamilo de silicone. Ás vezes a dar suplemento por cima, outras vezes não. Umas vezes ficava tudo no estômago, outras vezes bolsava. Às vezes fazia eu tudo, outras vezes o pai (ou a avó) davam o biberon. Lado positivo, nunca fez cólicas, prisão de ventre e não foi esquisito com os leites. E passou a adormecer melhor.
 
Nova pesagem aos dois meses, aumentou de peso, o normal para um mês, mas segundo a médica do centro de saúde não o necessário para compensar tudo o que já tinha perdido (ou não tinha ganho) no início. Devia insistir mais na mama e no suplemento. Já a pediatra achou que ele estava bem desenvolvido, tinha crescido bastante e era muito activo, isso e o facto de fazer chichis e cocós normalmente eram indicadores que ele era bem alimentado. Para continuar o que estava a fazer. Preferi seguir o conselho da pediatra.
 
Ah, e tenho de partilhar uma coisa que me deixou muito orgulhosa. A enfermeira do centro de saúde, nas vacinas dos dois meses disse para eu lhe dar mama no final, para ajudar a acalmar. E depois virou-se para a estagiária e disse para era observar bem pois ele estava a fazer uma pega perfeita.
 
Sabem o que dizem sobre o facto de depois de nos deixarmos de stressar as coisas correm melhor? Pois, foi isso que aconteceu.
 
Começámos por tirar o mamilo de silicone. Já só usava mais para curar as gretas. Mas às vezes parecia que doía mais com mamilo do que sem ele. Já passava semanas sem usar quando ia para a terra dos avós. Até que uma vez estava a dar de mamar com o mamilo e o tempo que demorei a tirá-lo de uma mama e pôr na outra, a boca telecomandada do miúdo nem demorou dois segundos a encontrar a mama (aquela que estava ao natural) e pôs-se a mamar como se nada fosse. Ultima vez que usei.
 
Quando se estavam a aproximar os 3 meses, assim do nada, começou a mamar como deve ser. Em vez de 45 min a 1 hora a mamar, em 20 min ficava despachado. Suplemento, só antes de dormir e ocasionalmente ao fim da tarde. Já não era molengão a mamar, antes era do tipo 3 chupadelas, pausa longa para respirar, agora mamava continuamente como se não houvesse amanhã. Consulta dos 3 meses, mantêm-se no percentil (não chega a voltar ao percentil inicial), portanto era para continuar o que estava a fazer.
 
E agora neste último mês mudou um bocado os padrões das mamadas. De dia mama com intervalos mais curtos (2h, 1h30 ou mesmo 1h) e só uma mama. 10 minutos e está despachado. Quando não se distrai na mama (está na idade de se distrair com tudo e mais alguma coisa). Com isto, as minhas mamas já não perdem tanto leite. À noite, em vez de acordar só uma vez, acorda duas (ou mais, em noites más). Agora fez da mama chucha, adormece a mamar (e só adormece assim, pelo menos comigo). E há 2 semanas que não preciso de lhe dar leite em pó.
 
Daqui a uma semana temos consulta dos 4 meses. Vamos ver se é desta que acertámos com a amamentação.
 
E vocês, qual foi a vossa história?

Comentários

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